quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mary Poppins, de P. L. Travers


Sim, a história do livro é diferente da versão feita para o cinema. Até mesmo a protagonista é diferente. A Mary Poppins da literatura é ríspida, severa e rabugenta, enquanto que a interpretada por Julie Andrews acaba sendo meiga, mesmo em seu lado adulto. Seria mesmo necessário abrandar o perfil da babá inglesa para que as crianças gostassem dela?

Como define o Estorninho do capítulo A história de John e Barbara, Mary Poppins é a "Grande Exceção". É uma adulta que gosta de mostrar sua autoridade, como todos os adultos, mas que não esqueceu como falar com a natureza e todos os seus seres.  Porque todas as crianças crescem, e esquecem. E com os gêmeos John e Barbara não será diferente.

Este é um dos capítulos mais bonitos do livro - senão o mais bonito. Torcemos para que os gêmeos não esqueçam, mas sabemos que eles esquecerão. Nós mesmos não esquecemos? Então, tem como não amar Mary Poppins, se ela nos conduz, junto às crianças Jane e Michael, a uma realidade paralela, cheia de encantamento e fantasia, longe da rotina sem graça e cheia de compromissos dos adultos?  

A fantasia presente no livro Mary Poppins remete-nos a outros clássicos da literatura infantil inglesa, tão deliciosas quanto, como Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, e Peter e Wendy, de J.M. Barrie. Segundo a análise de Sandra Guardini T. Vasconcelos, no Posfácio da nova versão brasileira, essas obras dialogam indiretamente, pois nelas essa realidade alternativa é que envolve as crianças dessas histórias em desafios que testarão suas habilidades e as conduzirão na tarefa de crescer e amadurecer. Vemos esse crescimento claramente quando, no capítulo final, Jane assume a posição de Mary Poppins no momento de colocar o irmão Michael para dormir.

Mas podemos ir além da análise do efeito de Mary Poppins nas crianças da história. Porque seu reino de fantasia também desperta a criança adormecida dentro de nós. Mesmo adulta, continuo até hoje apaixonada pela ideia de entrar nos desenhos pintados a mão. Por isso, o roteiro da versão Disney acertou na opção por estender os efeitos da presença de Mary Poppins para o Sr. e a Sra. Banks.

Relembre seu reino encantado com Mary Poppins e divirta-se!

MARY POPPINS
Autor: P.L. Travers
Tradutor: Joca Reiners Terron
Ilustrador: Ronaldo Fraga
Posfácio: Sandra Guardini T. Vasconcelos
Idioma: Português
Editora: Cosac Naify



terça-feira, 22 de abril de 2014

O menino do pijama listrado, de John Boyne


Espera-se uma leitura triste e é. Pois trata do cenário da Segunda Guerra, dos campos onde milhares de judeus foram torturados e mortos; e da inocência de uma criança de 9 anos (Bruno) diante de tudo isso.

A narrativa é bem escrita e prende o leitor. O desfecho vai se tornando cada vez mais previsível, mas queremos chegar ao final. É um livro interessante, mas não "maravilhoso" ou beirando à "perfeição", como tanto se disse por aí.

Ou será que o problema é que quando já conhecemos bem a história, deixamos de nos chocar tanto?

terça-feira, 1 de abril de 2014

Rumo à primeira biblioteca livre Casinha dos Livros




Estes são os primeiros livros doados para a nossa primeira unidade:

  • Anjos e Demônios, de Dan Brown
  • O Código Da Vinci, de Dan Brown
  • Fortaleza Digital, de Dan Brown
  • A Elite da Tropa, de Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel
  • Cidade de Deus, de Paulo Lins 

Quer contribuir? Entre em contato pelo casinhadoslivros@gmail.com e doe livros!

domingo, 9 de março de 2014

O lado bom da vida, de Matthew Quick


Pat Peoples acabou de sair de uma instituição psiquiátrica e não se lembra porquê e quanto tempo esteve lá. O que sabe é que acredita no lado bom da vida e está se empenhando para se tornar um homem melhor, sendo "gentil em vez de ter razão", para que possa voltar para sua esposa, Nikki, após o "tempo separados".

No início do livro, nós, leitores, duvidamos mesmo da capacidade mental de Pat mas, conforme o acompanhamos, percebemos que ele pode ser bastante normal, apenas afetado por um trauma. Quantos de nós não temos ou teríamos reações parecidas com as de Pat diante de situações semelhantes? Quantos de nós não temos alguma vez reações infantis ou violentas diante dos problemas? Antes de julgar Pat, apenas perceba que cada pessoa encara seus traumas com intensidades diferentes.

O título pode enganar e dar a impressão de que é um livro piegas. De que trata apenas da história de mais um personagem que vive muitas coisas ruins e mesmo assim só tem otimismo no coração. Não é nada disso. É um livro sobre realidade, histórias reais. De um pai que não sabe se aproximar dos filhos ou da esposa, a não ser quando o time para o qual torce ganha; de uma mãe infeliz com o marido, mas com um amor incondicional pelos filhos; de uma mulher que reagiu da forma mais absurda para a sociedade diante da morte repentina do marido, mas que foi sua forma de colocar um ponto nessa história; de um protagonista que busca uma solução para a culpa que sente. Então, o título refere-se sim ao fato de que tudo tem seu lado bom, mas a narrativa declara isso de forma muito natural.

Apesar de ter desfechos bastante previsíveis, de não ter nada surpreendente, a história narrada por Pat é bastante envolvente, talvez por essa forma natural de mostrar a vida, e nos faz devorar o livro e querer continuar além dele. É uma narrativa simples, com personagens interessantes - a mãe de Pat e a amiga dele, Tiffany, até poderiam render outros livros -, e simplesmente nos cativa.

Foi feito um filme baseado no livro, mas ainda não assisti. Já vi muitos comentários na internet de que não parece que o filme foi baseado no livro, pois são bem diferentes. De qualquer forma nós, amantes de livros, costumamos achar estes muito mais profundos - e são mesmo, já que há mais espaço para compreender os personagens do que nos filmes. Mas pretendo assistir de qualquer forma.

Se já leu o livro e assistiu ao filme, deixe seu comentário aqui!

Até a próxima leitura!